O presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, defendeu na sexta-feira, em Bruxelas, que o cumprimento do alargamento da União Europeia deve ser tratado como uma “urgência geopolítica”, que se deve constituir como um “poderoso instrumento de paz, de segurança e de prosperidade”.
“O alargamento é um poderoso instrumento de paz, de segurança e de prosperidade. Usemos, portanto, esse instrumento. Tanto a UE como os países candidatos têm de trabalhar mais e mais depressa. Sem prazos artificiais, mas também sem obstáculos indevidos”, afirmou o ex-primeiro-ministro português, na intervenção que assinalou a 'passagem do testemunho' no cargo, sucedendo ao belga Charles Michel.
Para António Costa, o primeiro português e socialista eleito para o cargo, há uma “urgência geopolítica” em concretizar o alargamento do bloco comunitário a outros países, o que, no seu entender, “reforçará indubitavelmente” a União Europeia.
Contudo, “a paz, segurança e a resiliência” não são apenas questões do bloco comunitário e a UE tem de olhar para todo o planeta, sustentou ainda.
“Vivemos num mundo multipolar, com sete continentes diferentes e cento e noventa e dois países. Temos de os implicar, tecendo em conjunto uma rede mundial. Ao fazê-lo, devemos pôr de lado conceitos como o 'sul global' ou o 'norte global'. A ação externa da UE tem de reconhecer que tanto o sul como o norte são, na realidade, plurais”, disse, advogando que a União Europeia tem de “defender causa mundiais”, apresentando três exemplos: resolver “os desafios” e aproveitar as “oportunidades dos oceanos”; “reformar a arquitetura financeira mundial, a fim de a tornar mais equitativa, justa e reativa”; defender o “desenvolvimento sustentável a nível mundial”, principalmente no sul.
Primeiro dia de presidência em Kiev
António Costa escolheu Kiev para passar o primeiro dia do seu mandato, no domingo, numa visita de alto nível que teve por objetivo reafirmar o total apoio à Ucrânia face à invasão russa e “falar do futuro comum europeu”.
“Vamos falar do presente da guerra, mas também sobre o futuro comum europeu, do alargamento da UE, que inclua a integração da Ucrânia”, apontou o novo presidente do Conselho Europeu, que se fez acompanhar na deslocação pela Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, e pela comissária europeia do Alargamento, Marta Kos, que também iniciam funções no executivo comunitário.
António Costa recordou, na ocasião, a Restauração da Independência em Portugal, que se assinalou no mesmo dia.
“Estar aqui hoje na Ucrânia, neste dia em particular, tem um significado muito especial para mim. No 1º de Dezembro, desde há quase 400 anos e todos os anos, o meu país celebra o Dia da Independência: a nossa soberania nacional, o nosso direito à autodeterminação e o direito à integridade territorial e ao respeito pelas fronteiras”, disse, em conferência de imprensa no Palácio Mariyinsky, em Kiev, junto ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“A Ucrânia, tal como o meu país e como todos os países no mundo, tem o mesmo direito”, afirmou, vincando que “a soberania ucraniana, a integridade do seu território e as suas fronteiras têm de ser respeitadas”.
António Costa anunciou ainda ter convidado Volodymyr Zelensky a participar na sua primeira cimeira europeia, marcada para 19 de dezembro em Bruxelas.