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24 Abr 2024

| diretor: Porfírio Silva

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António Costa em entrevista ao jornal alemão “Handelsblatt”
“O segredo de Portugal foi o fim do modelo de austeridade”

“O segredo de Portugal foi o fim do modelo de austeridade”

Ter colocado um ponto final na política da austeridade foi o que permitiu uma retoma da economia portuguesa, defendeu o primeiro-ministro, António Costa, numa entrevista que concedeu ao jornal alemão Handelsblatt, lembrando que há cerca de um ano a União Europeia estava prestes a aplicar sanções a Portugal por causa do desempenho da sua economia.

 

Para António Costa, Portugal foi capaz de encontrar, com o Governo que lidera, não só um “caminho melhor”, mas também mais inovador para estabilizar o país, acabando com a austeridade como modelo político e económico, voltando assim a dar aos portugueses mais confiança no futuro e qualidade no seu quotidiano.

Nesta entrevista ao jornal alemão, o primeiro-ministro defendeu que o segredo da recuperação de Portugal está no “fim da austeridade”, lembrando contudo que a opção de acabar com o modelo seguido pelo anterior Governo da direita não foi isento de obstáculos nem de dificuldades, uma vez que teve que se confrontar com os “preconceitos ideológicos” da comunicação social e das instituições europeias, e de muitos e muitos comentadores que, todos os dias nas televisões e nas rádios, atacavam as soluções defendidas pelo Governo socialista.

O fim da austeridade como o alfa e o ómega da política portuguesa foi, para o primeiro-ministro, a melhor solução para “restaurar a confiança das pessoas e da economia”, lembrando que há menos de um ano a União Europeia estava prestes a aplicar sanções a Portugal devido à incapacidade sistematicamente demonstrada pelo anterior Governo de direita de baixar o défice das contas públicas. Um cenário bem diferente do que hoje sucede, como sublinhou o primeiro-ministro, quando agora é a própria Comissão Europeia a recomendar que o país saia do Procedimento por Défices Excessivos.

 

Agências têm de mudar os ratings se quiserem permanecer credíveis

António Costa lembra ainda que os dados positivos que hoje a economia portuguesa apresenta, que nada “têm que ver com a realidade que se verificava em 2011”, ano do resgate, designadamente, como destaca, com a queda do desemprego e a criação líquida de emprego, a recuperação do investimento ou o baixo nível do défice das contas públicas, como já não se via há mais de 40 anos, têm de se traduzir na subida “em breve” do rating da dívida da República, isto, como alertou, se as agências de notação “quiserem permanecer credíveis”.

O primeiro-ministro lembrou ainda que esta sua tese é também defendida, não só pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mas também pelo comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici.

Lembrando que as críticas que as agências ainda fazem à economia portuguesa convergem sobretudo na necessidade de uma maior estabilidade da banca nacional, António Costa reafirmou que esta é uma matéria que está a ser resolvida, anunciando que o Governo e o Banco de Portugal estão a trabalhar no sentido de criar uma “plataforma de estabilização” da banca para “coordenar a gestão do reembolso de dívidas aos bancos”, descartando, por isso, a necessidade de se criar um banco mau para gerir o mal parado.

Em vez de um banco mau, ou de um veículo para gerir os ativos problemáticos, defende António Costa, nesta entrevista ao jornal alemão, o Governo português prefere trabalhar “como está a fazer” com o Banco de Portugal na “criação de uma plataforma para coordenar a gestão dos empréstimos de má qualidade de vários bancos”, garantindo que a situação está hoje “muito melhor do que estava há um ano”.

O chefe do Executivo teve ainda ocasião para defender a criação de um subsídio de desemprego europeu, bem como a conclusão da união bancária, “com o fundo de garantia de depósito europeu”, para além da constituição de capacidade orçamental que “seja usada para promover a convergência”.

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EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024