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24 Abr 2024

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Augusto Santos Silva lamenta jogo político da direita
Portugal deve estar unido na resposta às instâncias europeias
AUTOR

Rui Solano de Almeida

DATA

13.07.2016

FOTOGRAFIA

Jorge Ferreira

Portugal deve estar unido na resposta às instâncias europeias

Não é com guerras de política interna que devemos responder às instâncias europeias perante a possibilidade de eventuais sanções a Portugal, defendeu ontem na comissão parlamentar de Assuntos Europeus, o ministro dos Negócios Estrangeiros, no dia em que o Ecofin decidiu que o país pode vir a ser penalizado por não ter corrigido em 2015 o seu défice.

 

Para Santos Silva, numa discussão política, “é difícil compreender” que a direita parlamentar, que governou o país nos últimos quatro anos e meio e que deixou o Poder apenas há sete meses, esteja neste momento a assumir o papel de querer retirar da Comissão Europeia e do Ecofin a responsabilidade “do que uma propôs e a outra decidiu” sobre a possibilidade de Portugal ser sancionado por défice excessivo, querendo imputar ao atual Governo a culpa por uma execução orçamental a que é totalmente alheio.

O que importa agora, defendeu o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, é que Portugal se mostre unido, “em nome da defesa do interesse nacional” junto das instâncias europeias, garantindo que o Governo não está nada interessado em tornar mais difícil a vida daqueles que tiveram responsabilidade “num momento recente”.

Quanto à argumentação que o Governo apresentará dentro de dez dias à Comissão Europeia, Santos Silva sublinhou que o Executivo português tentará mostrar que, “embora tenhamos falhado as metas em 2015” por total e única responsabilidade do anterior Governo, “procuraremos atingi-las” já em 2106, defendendo nem este Governo, nem a economia nem tão pouco a população “merecem ser castigados”.

Aos deputados da comissão parlamentar de Assuntos Europeus, o chefe da diplomacia portuguesa mostrou otimismo em relação à execução orçamental deste ano, afirmando esperar que constitua o melhor “cartão de visita” que o executivo tem para apresentar, fazendo a este propósito questão de destacar que não existe nenhum problema do ponto de vista orçamental em 2016, havendo mesmo, como sublinhou, “condições para resolver os problemas orçamentais herdados de 2013 a 2015”.

 

Aplicação de sanções seria “cúmulo do absurdo”

Insistindo nas críticas à possibilidade de haver aplicação de sanções a Portugal, que classificou, do “ponto de vista lógico”, como o “cúmulo do absurdo”, Santos Silva defendeu que seria paradoxal que o Eurogrupo e o Ecofin quisessem “tirar consequências” do passado com uma iniciativa que “apenas atingiria o presente e futuro”, não deixando de enfatizar que o dia de ontem foi um “mau dia” para a construção e para a consolidação da União Europeia, alertando para os “riscos que este processo encerra para a coesão europeia”.

O governante, depois de criticar esta “lógica de funcionamento em grupo” de instituições que “não têm dignidade estatutária”, referindo a propósito o Eurogrupo, lamentou que, para agravar este cenário, ainda haja “elementos individuais” que, falando “por sua conta e risco” e não representando a posição “nem sequer dos seus próprios governos”, se comportam como “bombeiros incendiários”.

Já na parte final desta audição, o ministro Santos Silva teve ainda ocasião para recordar que a Comissão Europeia foi uma das “tutelas mais importantes” durante o resgate a Portugal, como um dos três elementos da troica, e que, ao estar agora a propor sanções a Portugal, está afinal, como sublinhou, a “castigar-se a si própria”, lembrando que a Europa tem já dificuldades sérias que cheguem para estar a “criar artificialmente” outros problemas.

AUTOR

Rui Solano de Almeida

DATA

13.07.2016

Capa Edição Papel
 
EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024