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24 Abr 2024

| diretor: Porfírio Silva

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Homenagem a Vítor Constâncio
União monetária ainda enfrenta riscos e problemas
AUTOR

Rui Solano de Almeida

DATA

21.05.2018

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União monetária ainda enfrenta riscos e problemas

A união monetária, um projeto com uma “ambição histórica sem precedentes” ainda não está completa e enfrenta “riscos de ameaças”, alertou Vítor Constâncio na homenagem que lhe foi prestada em vésperas de deixar a vice-presidência do Banco Central Europeu.

 

A menos de semana e meia de deixar a vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE), o que acontecerá já no próximo dia 31 de maio, Vítor Constâncio alertou num seminário, organizado pelo BCE em sua homenagem, sobre o futuro dos bancos centrais que “é necessário dar um salto quantitativo” na criação de uma união “genuína do mercado de capitais”.

Um alerta que se justifica, como realçou, porque a união monetária não só não foi ainda completada, como, por isso mesmo, ainda enfrenta um conjunto de “riscos e de ameaças”, salientando que um eventual colapso da união monetária teria efeitos devastadores em “todos os países”.

Segundo o ainda vice-presidente do BCE, para que haja uma sólida união monetária é preciso, antes de tudo, que as instituições nacionais e europeias assegurem um “desenvolvimento económico e financeiro coeso”, de forma a evitarem “desequilíbrios excessivos, fragmentação financeira e a persistência significativa de riscos de redenominação para os Estados membros”.

 

Reformas necessárias

De entre as reformas apontadas por Vítor Constâncio, como necessárias para que a união monetária se possa afirmar sólida e viável, está em primeiro lugar, como referiu, a aceitação do “dever” do BCE de intervir nos mercados de dívida soberana, para além ainda, como acrescentou, da criação de uma “função” de estabilidade orçamental, para a “gestão macroeconómica”, e a criação de um “fundo de estabilidade”.

Ainda segundo Vítor Constâncio, e pegando na tese defendida também pelo primeiro-ministro, António Costa, é necessário avançar, o quanto antes, com a conclusão da união bancária e potenciar a cooperação para acelerar o processo da união dos mercados de capitais, além de se ter também, como referiu, que avançar para a melhoria da “regulação orçamental” para disciplinar as “políticas orçamentais nacionais”.

Que ninguém tenha dúvidas, assegurou Vítor Constâncio, citando um economista norte-americano, que se o euro colapsasse isso seria “a mãe de todas as crises financeiras”, insistindo que é do interesse de todos os países que se criem claras e objetivas condições institucionais que impeçam que tal cenário se verifique, sublinhando que deixar que as crises se desenvolvam, para só “à última da hora” intervir “sob coação”, é uma receita que indubitavelmente acarreta maiores custos.

Depois de ouvir os muitos elogios que o presidente do BCE, Mario Draghi, lhe dirigiu, agradecendo o seu trabalho na instituição e sublinhando que a sua contribuição foi “inestimável no terreno rochoso” em que os bancos e os seus líderes tiveram que se mover nos últimos anos, e de enaltecer a sua “honestidade intelectual e rigor técnico” e o “instintivo desapego pelo dogmatismo”, Vítor Constâncio teve ainda oportunidade de lembrar que, em sua opinião, o caminho que ainda falta percorrer, sendo absolutamente necessário, não é, contudo, como garantiu, “difícil de implementar tecnicamente”.

AUTOR

Rui Solano de Almeida

DATA

21.05.2018

Capa Edição Papel
 
EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024