1473

27 Mar 2024

| diretor: Porfírio Silva

EDIÇÃO DIGITAL DIÁRIA DO ÓRGÃO OFICIAL INFORMATIVO DO PARTIDO SOCIALISTA

União Europeia
Governo aponta para ano agrícola normalizado em Portugal
AUTOR

Mary Rodrigues

DATA

20.03.2018

FOTOGRAFIA

dr

Governo aponta para ano agrícola normalizado em Portugal

O país terá “um ano agrícola normal” ou até “mais do que isso”, afirmou o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas ao comentar a viragem registada na situação de seca no país, significativamente aliviada pelo aumento substancial de ocorrência de chuvas.

 

À margem de uma reunião de ministros da Agricultura da União Europeia realizada em Bruxelas, Luís Capoulas Santos indicou que, face à precipitação que se tem registado, já se resolveu o problema da alimentação e abeberamento animal.

“A situação de seca alterou-se muito substancialmente, porque nós tivemos nos primeiros dias de março uma pluviosidade absolutamente anormal – choveu em 10 dias tanto quanto em dois meses de março normais – e, portanto, houve uma grande afluência de águas às barragens”, começou por referir o governante, apontando mais de 20 já estão com mais de 80% da capacidade neste momento.

Todavia, Capoulas Santos admitiu que “persistem alguns problemas no Sul, nas bacias do Sado e do Guadiana”, mas ressalvou que “mesmo os casos problemáticos do Sado devem estar hoje acima dos 50%, o que já permite o exercício de uma atividade agrícola quase normal”.

Depois, o titular da pasta da Agricultura sublinhou que “a precipitação caída não só resolveu o problema da alimentação animal, porque com as temperaturas a subirem e com esta humidade os pastos vão crescer muito rapidamente”, como também “o problema do abeberamento animal, pois praticamente todas as charcas e reservatórios estão a transbordar, mesmo no sul do país”.

Além disso, vincou, a precipitação registada foi “muito importante para as culturas permanentes – a vinha, o olival, os pomares –, que, com esta chuva, viram carregada a quantidade adequada de humidade no solo”.

A concluir, Luís Capoulas Santos considerou que, se a situação climática continuar nestes termos, “poderemos vir a ter um ano agrícola normal, e gostaria até que pudesse ser mais do que isso”.

 

Convergência da PAC deve continuar

Nesta reunião de ministros da Agricultura da UE, o governante português admitiu, por outro lado, que há divergências entre os Estados-membros sobre “questões sensíveis” da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) “importantes para Portugal”.

Assim, Capoulas Santos evidenciou o que descreveu como uma “fricção” em torno da convergência dos apoios aos agricultores, alertando para o facto de estarem em causa os apoios aos agricultores por hectare, matéria na qual persistem grandes assimetrias entre os Estados-membros, apesar de ter sido iniciado, na anterior reforma da PAC, um processo de convergência que o nosso país quer ver continuado.

“A posição portuguesa é que este processo seja gradativo, em que progressivamente, cada ano, os Estados-membros que mais recebem vão perdendo um pouco das ajudas para que aqueles que menos recebem vão aumentando, para que no médio prazo o pagamento seja uniforme”, indicou, lembrando que “Portugal está numa posição responsável”, e defendendo a convergência, mas num “processo com pragmatismo, que possa seduzir os principais pagadores”.

O titular da pasta da Agricultura referiu outras questões que considera omissas nos documentos e que estão sobre a mesa das negociações atualmente, “a mais grave das quais” o facto de não haver “nenhuma referência à discriminação positiva que deve ser dada à pequena agricultura”, assim como “a importância de que a componente do desenvolvimento rural seja contemplada de forma adequada”.

Esta, sublinhou, é uma questão particularmente importante para Portugal, pois é no desenvolvimento rural que estão contemplados “os apoios para a floresta”, explicou, adiantando que Portugal quer “alargar as elegibilidades” e dar “grande enfoque à reforma do sector”.

Para isto, informou, é fundamental “conseguir apoios no próximo quadro que permitam “avançar tão rapidamente quando possível na alteração do perfil da floresta” no país.

 

Capa Edição Papel
 
EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024