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23 Abr 2024

| diretor: Porfírio Silva

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Opinião

AUTOR

Eurídice Pereira

DATA

20.02.2018

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O PPD/PSD em busca de identidade ao 18º presidente!!

Na intervenção que teve no recente 37º Congresso do PSD, o anterior líder do partido, Passos Coelho, declarou que a atual solução de governo do PS se poderia reafirmar nas próximas eleições legislativas, deixando as possibilidades do PSD para um tímido e forçado “não ser impossível…”. . Fê-lo de forma naturalmente envergonhada, rendendo-se à evidência de todos os estudos de opinião apontarem para o reconhecimento por parte dos portugueses do bom desempenho do atual Governo e da credibilidade do Primeiro-ministro António Costa. 

 

Esta declaração do ex-Primeiro-ministro, proferida no último discurso que fez ainda como líder do PSD, de óbvio realismo, contrasta com o irrealismo com que persistiu em invocar as qualidades e as políticas do anterior Governo, que dirigiu em coligação com o CDS, tão condenado hoje pela generalidade dos portugueses.

Foi a prática desse Governo que conduziu aliás em linha direita à eleição do atual presidente do PSD, Rui Rio, contra a expetativa de uma percentagem muito significativa dos militantes. Se há característica do PSD que lhe está colada à pele é a ânsia de poder, objetivo que privilegia sobre qualquer projeto. Não espanta, por isso, que Rui Rio seja o 18º (!) líder do Partido, score que não tem paralelo em qualquer partido com assento parlamentar e que não pode deixar de impressionar. Apenas para permitir o alcance da proporção, o PS vai no seu 8º líder, ‘apenas’ menos dez!

Atualmente e face à proximidade das eleições e à consciência plena de que a prática governativa do anterior governo PSD/CDS já não vinga com declarações encomiásticas de Passos e, portanto, o PSD encaminhava-se para uma séria e profunda derrota, resolveram mudar de liderança e enaltecer as virtudes da social democracia, de que Rui Rio diz ser a matriz pela qual se guia. Este contorcionismo conflitua, porém, com a realidade. 

Recorde-se que Sá Carneiro, fundador do PPD, sentindo que a denominação de “popular” não beneficiava do apoio maioritário das correntes partidárias europeias, alterou a sua denominação para PSD, introduzindo-lhe o conceito de “social democrata”. Sucede, porém, que os representantes europeus desta corrente de pensamento que, nalguns países se denominava trabalhista, noutros, como em Portugal, apenas socialista, e ainda noutros, social democrata, não caucionaram o logro. E a verdade é que o PSD no Parlamento Europeu integra as correntes de opinião das famílias político-partidárias de direita. Ao menos – justiça lhe seja feita – Santana Lopes insiste em retratar a realidade invocando sempre o nome do seu partido precedido por PPD.

A aparente rutura que Rui Rio pretende introduzir de novo com a prática política do seu partido, particularmente com o Governo PSD/CDS dirigido por Passos Coelho, deve ser analisada com todas as cautelas e pé atrás. Não se lhe nega o reconhecimento de que o futuro de Portugal está na social democracia, mas esse espaço está ocupado desde a primeira hora pelo PS.

Por os portugueses o reconhecerem, é óbvio que Rui Rio chega tarde. 

Não se lhe nega, ainda, importância da abertura ao diálogo, descrispando as tensões existentes entre os dois maiores partidos portugueses. Do ponto de vista constitucional há inúmeros domínios estruturantes que carecem de uma votação maioritária na Assembleia da República de dois terços e outras há que não exigindo essa maioria qualificada é desejável que sejam alcançadas por ela. No que ao PS respeita, e como se vê, essa foi sempre a prática política do PS.

Aguardemos pelo que aí vem até porque os que já se perfilam como futuros candidatos a 19º presidente do PSD  podem não conceder tempo ao agora eleito. Pelo andar da carruagem nunca se sabe. Rui Rio está disso consciente e introduziu no discurso a importância das próximas eleições autárquicas que só ocorrerão nos finais de 2021. Que é isto senão assinalar que pretende sobreviver para além da derrota das legislativas de 2019?. Luís Montenegro vai esperar tanto? 

 

AUTOR

Eurídice Pereira

DATA

20.02.2018

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EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024