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27 Mar 2024

| diretor: Porfírio Silva

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Opinião

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Dalila Araujo

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26.01.2018

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A marcha das mulheres na América!

Passou um ano sobre a eleição de Donald Trump. As mulheres manifestaram-se nas ruas  de 250 cidades – Nova York, Las Vegas, Washington, Los Angeles, Chicago, Miami, Sidney, Londres….. Já o tinham feito em 2017, no dia seguinte à tomada de posse de Donald Trump que, segundo os jornais internacionais, reuniu mais pessoas do que a cerimónia de tomada de posse, unidas na contestação ao que poderia ser uma política de recuo civilizacional.  

 

No passado fim-de-semana, a “Marcha das Mulheres”, com a participação de mulheres e homens, personalidades do cinema, das artes, da política, da economia, engrossaram a manifestação que tende a tornar-se num movimento político de empowerment de chegada das mulheres ao poder, de reivindicação de direitos cívicos de igualdade e de não discriminação. 

As politicas da igualdade do género, da administração Trump foram marcadas por cortes de financiamento  e constrangimentos no acesso a cuidados de saúde para as mulheres, nas áreas do planeamento familiar, interrupção voluntária da gravidez, chegando mesmo a ser proibidas  as ajudas externas  a organizações  humanitárias que incluíssem o aborto nos seus cuidados de saúde. 

Donald Trump reagiu, à manifestação do fim-de-semana,  ao seu estilo,  no Twitter, entre o cinismo  politico e a linguagem sexista, transformando esta manifestação numa passeata de mulheres que aproveitaram o “tempo magnífico para marcharem e celebrarem os efeitos do sucesso económico sem precedentes, nos últimos 12 meses”, com um nível de desemprego feminino mais baixo nos últimos 18 anos.” 

Donald Trump  não percebeu a força da “marcha das mulheres”, não percebeu e emergência do movimento cívico de  protesto contra as às politicas de discriminação,  com base no género, na raça, na religião, na origem geográfica, na condição social, não percebeu a importância das recomendações da ONU e do planeta 50/50. Uma das mensagens fortes, proclamadas pelo movimento -  "Power to the Polls" (Poder às urnas), tem como objetivo estimular a votação e potenciar  a participação das mulheres nas eleições  intercalares de mandato, em  novembro. Pretendem registar  um milhão de novos eleitores para eleger candidatos/as que defendam os direitos das mulheres. É uma marcha para a mudança.

Por cá, em sentido oposto à politica de Donald Trump,  entrou em vigor o regime de representação equilibrada, entre mulheres e homens, nos órgãos de administração e fiscalização das entidades dos setor publico e empresarial e das empresas cotadas em bolsa: no setor empresarial do Estado, 33,3%, a partir de 01/01/2018 e nas empresas cotadas em bolsa, 20%, a partir da 1.ª assembleia geral eletiva após 01/01/2018 a 33,3%, a partir da 1.ª assembleia geral eletiva após 01/01/2020, uma medida exemplar do Governo que vai mudar o panorama nas lideranças nos órgãos de decisão das empresas. 

De acordo com o estudo “A Gestão em Portugal 208-2017”, da Informa D&B, onde foram analisadas 304 mil empresas não financeiras e 398 mil gestores, entre os órgãos sociais e diretores de 1ª linha, constata-se que dois terços dos gestores são homens, que representam 74% das funções de direção. O género feminino continua sub-representado na liderança e gestão das empresas. Se considerarmos a dimensão das empresas, o gap ainda é maior – apenas 8% de mulheres lideram as empresas com um volume de negócios superior a 50M€.

A marcha das mulheres em Portugal também caminha mas com um Governo e um Partido que há muito souberam interpretar o papel das mulheres na sociedade.  

 

AUTOR

Dalila Araujo

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26.01.2018

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EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024