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27 Mar 2024

| diretor: Porfírio Silva

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Opinião

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Edite Estrela

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13.02.2017

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PELA NOSSA RICA SAÚDE

O mundo é feito de mudança, já dizia o poeta. Ainda que com assinaláveis diferenças na quantidade e na qualidade. Dantes, as mudanças eram previsíveis, ajustadas ao tempo e ao espaço. Agora, muda mesmo o que dantes estava adquirido. E generaliza-se a perceção de que a vertiginosa mudança a que assistimos, pelo menos em alguns aspetos, não nos conduz a um mundo melhor. 

 

Bem pode Trump negar as alterações climáticas e ameaçar rasgar o acordo de Paris. Bem podem os lacaios das empresas de combustíveis fósseis gritar que o sobreaquecimento da Terra é uma invenção. É uma evidência que o clima já não é o que era. Dantes, sabia-se que havia calor no verão e frio no inverno. As temperaturas eram mais amenas na primavera que no outono. Os agricultores podiam programar as sementeiras e as colheitas com alguma segurança. Agora, até a Natureza anda descontrolada. Estamos no inverno e já há amendoeiras em flor. 

Anos e anos de agressões ambientais – poluição do ar, da água e da terra, impermeabilização dos solos, desordenamento do território, sobrecarga urbanística, abuso do automóvel e elevadas emissões de CO2 - levaram ao sobreaquecimento do planeta, às alterações climáticas e ao aumento das catástrofes naturais. É de louvar a Câmara de Lisboa por defender o ambiente e ter decidido reformular algumas das principais artérias da cidade, alargando passeios, construindo ciclovias, plantando árvores, tornando a cidade mais amiga do cidadão e não do automobilista. Está provado que o automóvel é um dos principais responsáveis pelo aumento das emissões de CO2. Reduzir as emissões com efeito de estufa é determinante para a qualidade do ar que respiramos, para a nossa saúde, para além de ser um compromisso internacional que, se não for cumprido, implica penalizações financeiras. 

Em dezembro passado, a União Europeia aprovou novas regras para obrigar os Estados-Membros a reduzirem drasticamente a poluição atmosférica, o “assassino invisível”, nas palavras do Comissário responsável pelo Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas. De facto, a poluição atmosférica é responsável pela morte de mais de 450 000 pessoas por ano na Europa, ou seja, dez vezes mais do que as mortes provocadas pelos acidentes de viação.

Os efeitos das alterações climáticas são devastadores. As secas e as cheias matam tantas ou mais pessoas que os conflitos armados. Estima-se que, em 2050, a população mundial atinja os 9,6 mil milhões de pessoas e que a procura de alimentos cresça 70%.  A falta de água potável e de alimentos já é uma realidade. E vai agravar-se se a tendência depredadora não for invertida e se não se desenvolverem sistemas de gestão hídrica eticamente corretos. Cuidar da qualidade do ar, combater o desperdício alimentar e fazer uma gestão sustentável dos recursos naturais é uma condição essencial à sobrevivência da espécie. Pela nossa rica saúde.

AUTOR

Edite Estrela

DATA

13.02.2017

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EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024