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24 Abr 2024

| diretor: Porfírio Silva

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Opinião

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Elza Pais

DATA

20.07.2016

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Novas Lideranças & Mais Causas

A Secretária Geral Adjunta, Ana Catarina Mendes, tem apelado à necessidade do Partido Socialista se afirmar cada vez mais como um partido de causas, fazendo jus à tradição de inovação e modernidade do PS ao nível dos valores humanistas, da igualdade e da justiça social na sociedade portuguesa.

 

Fomos pioneiros quando, através a Lei da Paridade, aumentámos a representatividade das mulheres na vida política, criando desse modo condições para que o seu potencial de liderança se pudesse manifestar. Contra ventos e marés, a causa impôs-se de forma hoje inquestionável em todos os quadrantes políticos. Ganhámos todas e todos e sobretudo a sociedade que viu integrar uma maior diversidade nas abordagens políticas e no reforço da dignidade da pessoa humana. 

Contudo, apesar de todo os avanços alcançados, o caminho a percorrer é imenso, sendo que, ao nível das eleições autárquicas a representatividade das mulheres, sobretudo como Presidentes de Câmaras Municipais fica muito aquém do desejável. Segundo os últimos resultados eleitorais (2013), há apenas 23 mulheres presidentes de Câmaras Municipais, a que corresponde uma percentagem de 7%, sendo que 13 são do PS, 6 do PCP, 1 do PSD, 1 do CDS/PP e 2 de Grupos cidadãos. 

A expressividade destes números é reveladora do muito que ainda há a fazer ao nível da política local. Além da Lei, são necessárias novas culturas políticas que deem sustentabilidade às mudanças introduzidas pela Lei e não desperdicem mais o potencial e a qualificação das pessoas. 

É fundamental que o PS, como exemplo, para continuar a ser referência neste domínio, promova estratégias que permitam reforçar de forma significativa a representatividade de mulheres, aproveitando o seu potencial de liderança, ao nível do Poder Local.

Não defendemos mais mulheres nas lideranças políticas e económicas só pelo facto de serem mulheres, mas o facto de serem mulheres em nada as deve diminuir, nem devem por isso ser excluídas dos altos postos de Decisão.

No mundo empresarial e da Decisão Económica a realidade é bem pior. Não há nenhuma mulher presidente de Conselhos de Administração de Empresas cotadas em bolsa e apenas 9% têm assento no CeO dessas empresas. Não é seguramente por falta de qualificação que não estão lá, até porque 60% dos licenciados e 60% dos doutorados são mulheres, mas por lógicas, culturas organizacionais e estereótipos enraizados que condicionam a escolha das lideranças, imprimindo dinâmicas que desperdiçam o potencial e a qualificação das mulheres para o exercício de cargos de elevada responsabilidade ao nível da tomada de decisão, com indiscutível garantia de mérito.

Sabemos que se contrariarmos esse tipo de desperdício, a coesão social e a competitividade económica saem reforçadas, já que, segundo a OCDE, reduzindo a desigualdade a metade o PIB cresceria 6%. Segundo a ONU Mulheres o desperdício do recurso humano que as mulheres representam significa que a justiça e a democracia ainda não estão suficientemente aprofundadas. 

Se nada se fizer, segundo a OIT, necessitaremos de mais 70 anos para se alcançar a igualdade de género no mundo do trabalho, pelo que urge acelerar a mudança com medidas positivas que permitam combater as desigualdades estruturais que urge combater. 

Saudamos por isso a Lei da Paridade para a decisão económica que o governo está a preparar e a discutir em sede de concertação social para promover a paridade nos órgãos de administração e fiscalização de institutos públicos, empresas do setor público, empresas do setor privado e em cargos dirigentes da administração pública.

Promover políticas e culturas organizacionais que não mais desperdicem o potencial humanos é um desígnio e imperativo que temos de cumprir na Decisão Política e na decisão Económica!

Dito isto, todas e todos necessitamos de exercer as Lideranças de outro modo, adequando-as mais aos tempos modernos e da globalização, e apelando ao exercício alargado de vontades e a uma maior flexibilidade, bem como à partilha e ao envolvimento de todas as pessoas em processos transformadores. 

Com isto ninguém perderá, e as empresas ou as organizações políticas, pela integração da diversidade verão as suas culturas organizacionais mudarem e tornarem-se mais amigas das pessoas, mais abertas e competitivas, como tem sido demonstrado em  estudos internacionais de referência, da ONU e do Banco Mundial, nesta matéria.

AUTOR

Elza Pais

DATA

20.07.2016

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EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024