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07 Maio 2024

| diretor: Porfírio Silva

EDIÇÃO DIGITAL DIÁRIA DO ÓRGÃO OFICIAL INFORMATIVO DO PARTIDO SOCIALISTA

António Costa
Coerência e responsabilidade governativa
AUTOR

PS

DATA

12.10.2015

FOTOGRAFIA

Jorge Ferreira

Coerência e responsabilidade governativa

Intervenção do Secretário-geral do PS, António Costa, no encerramento do XX Congresso Nacional, em Lisboa.

 

[Excertos]:

 

Não quero alimentar tabus, nem quero deixar qualquer tipo de equívoco. Em primeiro lugar, nós recusamos o conceito de “arco da governação” como delimitando quem são os partidos representados na AR que têm acesso e têm a legitimidade a partilhar a responsabilidade governativa. Em democracia, quem decide quem representa o povo é o povo, ninguém se pode substituir ao povo a excluir parte dos seus representantes das plenas responsabilidades.

 

Portanto, que fique claro: nós não excluiremos os partidos à nossa esquerda da responsabilidade que também têm de não serem só partidos de protesto mas de serem também partidos de solução para os problemas nacionais. A vida, e a minha própria experiência em Lisboa, ensinou-me a não ter excessivas ilusões, já percebi que é mesmo mais cómodo estar do lado do protesto do que estar do lado da solução, mas, meus amigos, não contarão com o PS para vos ajudar a manterem-se na posição cómoda de ficarem só no protesto e não virem também trabalhar para a solução.

 

[...] E há um segundo equívoco que não podemos também alimentar: o que é que os portugueses nos pedem e o que nós nos propomos fazer. O que os portugueses nos pedem é algo muito claro: que sejamos alternativa ao atual governo e às atuais políticas. O que é que nós propomos aos portugueses? Ser uma alternativa ao atual governo e às atuais políticas. E portanto, não é possível ser alternativa às atuais políticas com quem quer precisamente seguir as atuais políticas. É fundamental para a democracia que existam alternativas no campo democrático, o pior que pode acontecer a uma democracia é quando se gera um enorme empastelamento, quando existe um pântano no qual ninguém se diferencia, tudo é farinha do mesmo saco e em que não conseguimos distinguir o que uns propõem do que os outros propõem fazer. Quando há esta confusão, o que nós alimentamos não é a democracia, o que nós alimentamos são os extremismos, os radicalismos que são, esses sim, uma ameaça à democracia.

 

António Costa
30 de novembro de 2014

 

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EDIÇÃO Nº1418
Janeiro 2024